segunda-feira, 11 de julho de 2011

Mulher da luta

Sou feita de uma matéria que se derrete com a sinceridade, com almas puras, com gente que dá de comer aos animais na rua, com a gargalhada de uma criança, com uma abraço apertado.

Nunca consegui ver os Gorilas na bruma. Chorei durante uma semana inteira quando há uns anos mostraram as focas bébés a serem mortas à paulada.

Sou feita da terra molhada da minha infância, de troncos de árvore que abraçei, de muitos joelhos esfolados, promessas, pactos de sangue. Juras de amor, sonhos errantes madrugada a dentro. Amanheceres chorosos de amores perdidos. Fiquei para sempre "lá em cima" a olhar as estrelas. Tive poetas apaixonados. Sou feita de cada pessoa que amei, e acho que é por isso que hoje odeio com mais classe...

Gosto de coisas tão simples que às vezes acho que o mundo material em que vivo não foi feito para mim.
Trabalho a fazer dinheiro imaginem! Vendo! Tenho de conhecer marcas, valores de compra, de venda, negociar, persuadir, mentir... Tenho uma luta diária que é a minha e levo-a bem.

Esta sou eu no fim dos meus dias, esta sou mesmo eu, aqui, a escrever agora.

Histórias de luta. de mulheres e homens que conheço e que vou deixar aqui. Escrever é tempero para a alma. E nesta vida frenetica não me quero esquecer de mim.

Um dia sonhei ser cantora, artista, viajante dos sete cantos do mundo. E hoje tenho este modo "funcionário de viver" como dizia o O'Neill. Mas esta cidade não vai ficar presa comigo. Tropeço de ternura por ela todos os dias....

MRoque

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