terça-feira, 19 de julho de 2011

Pedro T. Dep Criativo - Despedido II

Quando se despediu de nós, cheio de medo do futuro, tristonho, não houve sequer oportunidade de lhe falar muito ao coração. Não houve espaço para poetizar sobre futuro, dias risonhos, liberdade. Qualquer palavra mais filosófica nestas alturas além de não valer muito, corre o risco de ser mal interpretada e eu não queria passar por insensível. Dei-lhe um abraço e sorrir-lhe apenas, num acto de compaixão e força.

Mas na verdade há um cheiro a liberdade que nos assalta. Uma espécie de futuro promissor nos olhos de quem parte. O Pedro Teixeira do Dep. criativo estava de partida e eu sentia isso mesmo. É muito parecido com o que devem sentir os prisioneiros quando se despedem dos compinchas de cela. Boa Sorte! (leva-me contigo). Nunca somos livres enquanto dependemos do dinheiro ao fim do mês, e quem sai, fica mais pobre mas fica mais  livre. Tinha vontade de lhe dizer: o mundo é teu! Olha a relva tão verde do outro lado do muro?!

É bom estar empregado nestas alturas de despedimentos. É como ter uma celazinha com fotografias da família onde se nos portarmos muito bem somos recompensados. Temos de conviver com outros companheiros de cela, fazermo-nos respeitar para não levar uma navalhada. Mas é bom ter um emprego nestas alturas. (ou uma celazinha onde nos possamos sentar todos os dias).
E quando alguém parte, podemos dizer do alto da janela "enjaulada do conforto monetário": Vai correr tudo bem.

MR

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